Carros automáticos em Greenwich conduzindo-se a si mesmo rumo ao futuro

Se passar pela estação de metro de North Greenwich, no sudeste de Londres, mantenha os olhos abertos para os testes que estão a ser realizados na zona a carros sem condutor. Sendo mais parecidos com os veículos utilizados no Aeroporto de Heathrow do que, propriamente, um carro, os testes fazem parte do The Gateway Project, que visa reduzir os congestionamentos e as colisões.

Este projeto de investigação, parcialmente patrocinado pelo Governo, procura compreender de que forma os transportes automatizados se enquadram nos planos de futuro de cidades como Londres. Estes veículos não têm volante e, naturalmente, não têm condutor. A especificidade deste projeto reside na ideia de que poderemos usar estes veículos como transporte público partilhado e, em vez de substituir ou "robotizar" os meios de transporte existentes, poderemos usá-los para curtas distâncias entre as interfaces de transportes e a nossa casa.

Naturalmente, existem muitas empresas a aproveitar a oportunidade para caminharem em direção ao futuro com os transportes sem condutor. A Nissan tem trabalhado num carro sem condutor nos últimos 12 anos e julga que demorará mais cinco a desenvolvê-lo por completo. A Google também tem trabalhado em carros sem condutores com a sua própria empresa, Waymo, que tem alcançado grandes desenvolvimentos em veículos totalmente autónomos. Tal como o The Gateway Project, a Waymo usa câmaras e sensores para criar o seu veículo sem condutor, mas, ao contrário do Gateway, procuram substituir os meios de transporte existentes. A General Motors, a Uber e a BMW também têm feito progressos no setor dos veículos autónomos e outras empresas se seguirão.

Em outubro do ano passado, a Tesla anunciou que todos os veículos produzidos nas suas fábricas seriam equipados com o Tesla Autopilot, o hardware baseado em câmaras criado para a tecnologia de condução automática total. Para acompanhar a crescente procura dos seus carros e, sem dúvida, da tecnologia automatizada com que estes são equipados, a Tesla chegou, recentemente, a acordo com uma empresa tecnológica alemã, para os ajudar a automatizar mais as suas fábricas e impulsionar a produção. O seu CEO, Elon Musk, sublinhou a importância vital de as suas fábricas se tornarem ainda mais automatizadas no futuro, afirmando que visam aperfeiçoar “a máquina que faz a máquina.”    

Existem fatores importantes a ter em consideração à medida que a tecnologia sem condutor se torna uma realidade cada vez mais provável no futuro da indústria dos transportes. O The Gateway Project também tem em conta as mudanças sociais que terão de acompanhar a automatização dos transportes. Tal como noutras áreas da automação, como as fábricas e outros meios de transporte, o sucesso desta tecnologia em rápido desenvolvimento criará emprego e vastas oportunidades de investimento, além dos benefícios que trará para o ambiente e a segurança. Existe a preocupação de que a automação cause mais acidentes, com o excesso de confiança a levar os condutores a reagir mais lentamente a eventuais incidentes. O lado surpreendente disto tudo é que a tecnologia pode, em termos globais, resultar em menos acidentes, graças à redução das probabilidades de erro humano.

A tecnologia de condução automática já está no mercado há algum tempo, com a tecnologia de estacionamento automático como equipamento padrão em muitos carros. Mas uma automatização total requer mudanças a nível legal, social e cultural – teremos de repensar tudo, desde o modo como construímos as estradas e cidades, ao modo como compraremos o nosso meio de transporte pessoal no futuro. Seremos condutores ou passageiros?

A única coisa certa é que a tecnologia está a progredir rapidamente, quer nós estejamos prontos para ela ou não.