Monitorização sísmica a partir de cabos submarinos

Sabemos há muito que os cabos não se limitam a transmitir energia ou dados de um ponto para outro, mas as últimas pesquisas realizadas pelo Laboratório Nacional de Física (NPL) sugerem a utilização de cabos de fibra ótica submarinos como detetores de sismos, de acordo com um artigo publicado no The Economist.

Temos mais dados disponíveis do que nunca na Terra, desde o Google Maps ao nível da rua até satélites em órbita, monitorizando fenómenos climáticos. A monitorização a partir de estações terrestres, com informação em tempo real, encontra-se há muito disponível. Hoje, terça-feira, 10 de julho, está a captar a amplamente noticiada atividade do vulcão Kilauea em curso no Havai, mas também tremores de terra no Monte Redoubt, no Alasca, perto de Mammoth Lakes, Anca e The Geysers na Califórnia, um sismo de magnitude 5.2 seguido de réplicas na Southwest Indian Ridge, de 4.7 na escala de Richter, localizado entre as Filipinas e San Francisco, e de 4.4 na costa de Michoacán no México: tudo isto apenas nas últimas 3 horas.

A sugestão é de que a crosta terrestre é muito mais ativa do que aquilo que imaginamos, pois os oceanos estão insuficientemente servidos de sismógrafos, o que significa que sismos mais pequenos não são detetados por sensores terrestres distantes. A solução, sugere o NPL, passa pela utilização dos cabos submarinos que atravessam o leito marinho como conduta para monitorizar a atividade sísmica submarina.

A premissa é suficientemente simples: fazer luzir um feixe de luz laser de uma extremidade dos filamentos de fibra até à outra extremidade e novamente de volta, monitorizando se a luz devolvida permanece no mesmo caminho. Mesmo um ligeiro desalinhamento será indício de "ruído" ou perturbação – possivelmente uma mudança sísmica. A ciência é mais complicada: medições ínfimas num cabo com milhares de quilómetros de comprimento, com atividade que dura apenas curtos períodos de tempo. Tão curtos, na realidade, que são medidos em femtosegundos – para nós, um novo termo que corresponde a um milionésimo de um bilionésimo de segundo!

Os cabos submarinos estão sujeitos a muito menos ruído do que outros cabos de fibra ótica. Os terrestres fazem parte, frequentemente, da infraestrutura instalada por debaixo das estradas e de outras zonas construídas. Ao recorremos aos vários cabos submarinos que atravessam as placas tectónicas euroasiática e africana, teremos disponível para análise um volume de dados muito superior, o que nos proporciona uma imagem mais completa e uma melhor compreensão relativamente ao que está a acontecer sob a superfície do nosso infinitamente maravilhoso planeta.