ÁGUA, ÁGUA POR TODO O LADO - A PRODUÇÃO HIDROELÉTRICA É A PRINCIPAL FONTE DE ENERGIA RENOVÁVEL

De acordo com o Conselho Mundial da Energia, a energia hidroelétrica é atualmente a principal fonte de energia renovável do mundo. Mas em que consiste? 

Basta dizer que é uma forma de energia renovável gerada pela água armazenada em barragens ou a partir da corrente dos rios, com vista à produção de eletricidade nas centrais hidroelétricas. Tal como acontece com outras formas de geração de eletricidade, usa uma turbina para converter a energia de um fluxo ou de uma queda de água de modo a fazer rodar as pás que, em contrapartida, convertem essa energia mecânica em energia elétrica. A energia hidroelétrica representa hoje mais de 70% de toda a energia renovável gerada a nível mundial (apesar de uma grande percentagem ser produzida na China) e representa quase 20% (1/5) de toda a produção mundial de eletricidade (de acordo com a mesma fonte). É um negócio de monta. 

A produção de energia hidroelétrica depende, evidentemente, da pluviosidade, mas apesar disso ainda é provavelmente a mais flexível e sólida fonte de energia renovável. 

Existem três tipos principais de centrais elétricas:

  • A fio de água – produção de eletricidade num curso de água
  • Com albufeira – produção de eletricidade através da libertação de água armazenada
  • Com armazenamento por bombagem – produção de eletricidade em que a água reciclada é bombeada para um reservatório superior para ser depois libertada.

Desta forma, as centrais hidroelétricas conseguem responder, não só aos níveis de procura normais, mas também aos picos de procura, representando uma percentagem considerável da capacidade de potência instalada em muitas regiões do mundo. A energia hidroelétrica não é uma novidade - muitas centrais já operam nesta área há mais de cinquenta anos. Enquanto empresa, a Eland Cables trabalha extensivamente no setor das energias renováveis e participa ativamente na remodelação e atualização de centrais em todo o mundo.

Quando e onde começou?

A primeira central hidroelétrica começou a funcionar em 1882 em Wisconsin, EUA, no Rio Fox em Appleton. A central (que mais tarde viria a chamar-se Appleton Edison Light Company) foi desenvolvida por H.J. Rogers (um fabricante de papel local), inspirado nos planos de Thomas Edison para Nova Iorque. Ao contrário dos planos de Edison (baseados na força do vapor), a central de Appleton usava a energia natural do Rio Fox - uma técnica ainda usada e conhecida como "a fio de água". Quando abriu, apenas conseguia gerar a energia necessária para iluminar a cada de Rogers, um edifício próximo e a própria central, mas o conceito de energia barata e inesgotável tinha dado o primeiro passo e, no início do século XX, várias centrais hidroelétricas estavam já a ser construídas um pouco por todo o mundo, gerando um volume significativo de eletricidade. Assim se promoveu o crescimento industrial em muitas regiões e se levou à conceção de muitos projetos públicos de construção de barragens, com vista a explorar ainda mais a energia produzida a partir de fontes naturais, controlando a libertação de água para corresponder à procura e à oferta.

Quem usa esta tecnologia atualmente?

A maior central hidroelétrica do mundo (com base na capacidade instalada) é a Three Gorges Dam no rio Yangtze, na China. Quando foi construída, em 1994, esta enorme estrutura com 2,335 m de comprimento e 185 m de altura era o maior projeto de engenharia alguma vez realizado na China. O projeto incluiu 28 milhões de metros cúbicos de betão e 463.000 toneladas de aço. A produção de energia hidroelétrica começou em 2003 e foi aumentando gradualmente até 2012, ano em que o último gerador de turbina foi ativado. Quando os seus 32 geradores de turbina se encontram em funcionamento (juntamente com outros dois geradores), a central produz 23.500 megawatts de eletricidade, o que, de acordo com o sítio energy.gov, é suficiente para alimentar, em média, quase 12 milhões de habitações.

Quais as vantagens da energia hidroelétrica?

São várias as vantagens decorrentes da produção de energia através de centrais hidroelétricas:

  • É uma fonte de energia nacional – o que permite que cada distrito, região ou país produza a sua própria energia em vez de ficar dependente de fontes de energia internacionais.
  • É movida pela água – ao apostar na exploração do ciclo da água que, por sua vez, é alimentado pelo sol, este tipo de energia é renovável e, portanto, mais fiável do que outras formas de combustíveis, tais como os combustíveis fósseis, que têm vindo a esgotar-se.
  • Com os planos de criação de "albufeiras" surgem massas de água que frequentemente são também utilizadas para fins recreativos, gerando fluxos de receitas adicionais.
  • Devido à capacidade de produção "imediata" de energia hidroelétrica, esta pode constituir uma fonte de energia de reserva em alturas de grandes interrupções ou perturbações do fornecimento.

E as desvantagens?

A construção de grandes barragens envolve muitas vezes a inundação controlada de certas zonas (submergindo terras cultiváveis e terrenos descampados) e a eventual deslocação de comunidades locais (e mais pobres). A rotação das turbinas e o funcionamento dos geradores nos quais assenta o processo de produção de eletricidade também geram CO2 (dióxido de carbono), o que significa que não se trata da energia "limpa" mais "ecológica". Ainda assim, a sua utilização generalizada e a consistência dos volumes de energia gerados significam que se trata de um tipo de energia bastante atrativo e que pode dar resposta às enormes necessidades de países populosos como a China, onde existe uma procura insaciável e um ritmo de urbanização crescente.

É ainda a energia do futuro?

As centrais mais antigas estão a ser melhoradas com vista a aumentar a produção, tirando assim partido das novas tecnologias e do aumento da procura, e novas centrais hidroelétricas estão a ser encomendadas - este é certamente um bom motivo para escolher, sempre que possível, a energia hidroelétrica em detrimento dos convencionais energias provenientes de combustíveis fósseis. Apesar de já ter comprovado a sua longevidade enquanto solução de geração de energia, permanece por comprovar a sua capacidade de adaptação a uma utilização mais "verde". Como sempre acontece, cada central deve ser analisada individualmente, e a geração de energia renovável a partir de fontes hídricas, solares, eólicas, das marés ou de outras fontes deve ser considerada a norma a seguir.